PARÁBOLA DA MULHER
- Dr. Felipe Barbosa
- 16 de abr. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 13 de jun. de 2020
Mulher é inferior ao homem. Digo isso porque é a espécie masculina que todos os dias traz para casa o sustento necessário à sua família enquanto a mulher apenas possui afazeres domésticos.

O homem está no topo da cadeia hierárquica, sendo observado distantemente pela mulher que se encontra com uma tripa de crianças no colo ou a sua volta.
O único problema dessa afirmação é que ensinamentos religiosos antigos nos mostram que tudo que está em cima é igual ao que está abaixo e assim, como um passe de mágica, a pirâmide se inverte, e o homem, exaltado pelo seu poder físico, instantaneamente é rebaixado a olhar a mulher no topo da pirâmide, linda, forte, austera, confiante.
Não importa o problema ou a dor que possa ter a mulher sofrido, ela sempre está pronta para superar o próximo desafio.
Mas existem pessoas que não conseguem entender o verdadeiro lugar da mulher, sua importância e responsabilidade essencial para a existência do planeta. Diminuídos pelo poder da mulher, sobra ao homem pequeno apenas usar algo em que a mulher até hoje não consegue lhe superar... a força bruta. E essa dói, machuca, traz feridas difíceis de sarar.
Como Advogado, já participei de inúmeras audiências baseadas em violência doméstica, mas basta fechar os olhos que me vem a mente a imagem daquela pobre mulher entrando na sala de audiência, mais machucada fisicamente que um animal que havia apanhado na rua.
Seu rosto era parecido com uma bolacha de tão inchado e até talvez desfigurado que estava. Ao final da audiência, em que eu defendia o agressor, não consegui levantar da cadeira. Algo em mim gritava, suplicava para que falasse alguma coisa, mesmo que desconexa, pois naquele momento, encerrada a audiência, eu não era apenas um advogado, mas sim, um filho, marido, pai e cidadão de bem.
Foi então, em um ato de quase desespero, que falei à juíza da sessão que atitudes dessas não poderiam mais permanecer impunes, e que a mulher merecia um acolhimento mais justo e adequado a cada caso.
Solícita, a magistrada manifestou compreensão pela situação, mas mencionou que somente poderia praticar algum ato com o apoio da Prefeitura Municipal. Não titubeei. Imediatamente, ao sair da audiência, liguei para a Prefeita Ivete Grade e requeri, em estado de emergência, uma reunião em seu gabinete.
Recebido na semana seguinte, fui inteiramente acolhido e decidimos marcar uma reunião acompanhados do Ilustre Promotor, Juíza, Delegado e membros da Prefeitura. O esforço de todos foi lindo. Conseguimos estabelecer metas a serem cumpridas, atendimentos psiquiátricos, e acolhimento que a mulher passaria em caso de necessidade onde ninguém saberia onde ela estaria.
Por fim, restou retomada a Sala Lilás da delegacia de Policia onde a mulher agora é atendida por outra mulher, recebendo todo o tratamento justo para sua súplica.

Nem preciso mencionar minha felicidade no dia da inauguração da Sala Lilás. Enquanto naquele dia inúmeras pessoas públicas buscavam ser vistas no evento, eu só queria outra coisa: que Deus abençoasse as mulheres que por ali passassem.
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